31.8.06

a estrada. a vontade de chegar. o medo de deixá-la.

eram 4:52 a.m. num relógio digital. nenhuma rádio fm poderia ser sintonizada numa rodovia. e era de hábito ouvir uma rádio qualquer àquela hora.
a trepidação das rodas no asfalto balançava as duas garrafas vazias jogadas no chão sob o banco traseiro. e geravam uma espécie de música: o tinir das garrafas misturado com o rádio sem sintonia. e nessas horas confunde-se a neblina com a areia dos olhos.
dirigir era um daqueles raros prazeres solitários.
à diante as luzes coloridas indicavam um posto de gasolina. toparia uma parada para um lanche, daqueles de balcão, onde a fome duela com a desconfiança do estado das coisas. ao fim sentou-se à porta saboreando o café requentado; uma nova música nos ouvidos: as freadas hidráulicas incidindo no silêncio dos grilos da madrugada de uma estrada qualquer. o cheiro de posto tornava o café mais atraente e autorizava à mente aventuras de saudade.
de volta ao carro os primeiros minutos de volta à estrada pareciam segundos de silêncio obsequioso. e como passaram velozes. os olhos de areia marejaram-se ao tangenciar cada curva. o rádio ligado, enfim sintonizava. sinal da proximidade do destino.
tal fato misturava dessa vez felicidade em relação a chegada; mas aflição por deixar a estrada.

2 comments:

Anonymous said...

Jóia, Tiago!!!
muito bom....
Parabéns pela aprovação de seu projeto.

Anonymous said...

belo texto