5.6.10

3 poemas manjados pela ocasião do aniversário desta cidade

Princesinha Hype


bom dia princesa de minas,
me responda no sotaque adequado
não me deixe mais cabisbaixo de tanto torpor
te sinto meio cansada, pouco alucinada
sufocada pela fumaça
pela tristeza
princesinha hype
te imagino uma linda descolada
de botas e cartucheira querendo dançar
por 48 horas sem parar
vamos juntos minha nobre senhora
exorcizar a caretice
vamos bailar pelas ruas
por seus bares
seus monumentos

vamos juntos profanar todos medos
descobrir anseios
destampar os seios
para abalar seus primos chatos
vamos acampar no parque halfeld
aproveitar o dia e a noite

para curtir o amanhecer
e esquecer
de tudo que passou




ANATOMIA DA CIDADE


a cidade irresistível
se oferta com seus
pares de coxas de botecos
sem roupa
e sua espinha dorsal do calçadão
seus braços a São João

seus cabelos a Marechal
e eu, marginal
prefiro a Galeria dos Previdenciários
ao Marechal Center
(tiro os óculos escuros e por lá
passo olhando as pessoas nas filas)

o sedutor umbigo desta
mulher, juiz de fora
mora na praça da estação
à cinqüenta metros
do Bar do Vágner
parte iluminada
perfumada
exaltada

e se ousas ultrapassar a ponte
chega à púbis
entrada da zona leste
onde reside a vida
de fato nos pagodes
e bailes funk
nos muros decorados pelos
grafites

e à muitos quilômetros
está minha zona norte
que vívida na cidade
a impulsionar a libido
deste corpo,
ficou sem adjetivação nesta poesia.



JÁ PASSOU A HORA


eu queria mesmo era ver
Murilo Mendes trôpego
nas ruas desta cidade
subindo pro Vitorino
vestindo um short
afinal life is short
e na tradução de Geraldinho
life is short significa
“a vida é um shortinho”

queria eu na verdade
botar Belmiro Braga na roda
fazer uma rave na roça
enxarcá-lo de incertezas fazê-lo
declamar poesias
cometer heresias

é passada a hora meus caros
de arrombar a porta da academia mineira
de letras
pra deleite
dos letreiros
pra desespero dos leiteiros
que sofrerão com a universalização
da cachaça diária anti-lactente

bota o poeta em cima da mesa
bota o ovo de colombo da palavra em verso
e choca toda essa farra pra ver
se sara
essa cidade carente

meu parceiro, insisto
(já que sou assim inconveniente)
essa cidade já passou
da hora
de ir embora de si mesma

2 comments:

Lord F. said...

Ainda acho que esta cidae já morreu e não há esperança.

João Rodrigues said...

fla Tiago! so na seriedade , hem? kkkkkk
tá legalzinho seu blog os poemas não são tão filosoficos a ponto de não dar pra entender.
noticiascomjoao.blogspot.com