é permitido ao narrador decodificar
vidas que não o pertencem em poema?
a vida, parece-me, (depois de velho)
ser constituída de nativos da palavra.
e o poeta nem sempre devolve-os
o resultado dessa secreta incursão.
apropriar-se da estética da vida alheia
é o dilema dos narradores que de
alguma maneira abandonam seu choro
e arriscam esconder-se no choro alheio.
embora a vida não seja só a lágrima
(é menos sofrimento do que querem
os poetas confessionais, e é menos
dor para redenção do que querem
os poetas heróis de plantão),
a vida ainda é algum tipo de canto
que permite envolver-se pela métrica
ou ritmo das palavras. resta saber
se isso tudo é libertação ou prisão.
23.1.18
4.1.18
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Words move, music moves
Only in time; but that which is only living
Can only die.(…)
T.S Eliot - Burt Norton - IV
a ponta dos teus dedos tornam o tocar mais simples em um gesto sublime e eterno. por isso te pedirei que coloque aquele disco. suas mãos claras, movimentando um disco de vinil em meio ao quarto escuro. os livros. das eternas e ternas estórias que só fazem sentido em tua voz.
perceba: amanhã é apenas uma palavra que repetimos enquanto medimos o tempo que gastaremos tendo prazer.
sendo assim, não marque no relógio, esqueça o calendário, a ampulheta, o telefone celular. “ouça” apenas o silencioso atrito dos corpos emudecidos nessa noite eterna.
(…)Dos lábios da alegria e corta o passo
Ao gamo da aventura que fugia;
O som desta paixão desmente o verbo(…)
Mario Faustino - (O som dessa paixão esgota a seiva)
feche a porta.
ainda sou capaz de perceber você andando na ponta dos pés. caminhe até o meu corpo inerte promovendo apenas a fé do silêncio.
ajeite a alma.
não pense que esquecerei dos planos de lermos um pro outro todos aqueles livros que guardamos na estante.
troco meu equipamento stereo e todos os meus discos por uma caixinha de música que contenha sua imagem..
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